VEREADOR É VEREADOR; SECRETÁRIO É SECRETÁRIO

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Como deve se sentir um eleitor que vota em um candidato a vereador que, quando se elege, abandona a Câmara para ocupar uma secretaria?

—Traído!

Não há outro termo mais adequado para caracterizar quem despreza o voto de confiança que o eleitor lhe deu para representá-lo na Câmara Municipal.

Ele votou com o fim de ver seu representante fiscalizar as contas do Poder Executivo Municipal, os atos do Prefeito, denunciando à população e aos órgãos competentes o que estiver ilegal ou imoral. Portanto, o vereador é o fiscal do dinheiro público.

O mandato NÃO É DO VEREADOR; é do povo. Ele apenas o representa.

Um dos pré-requisitos básicos para a prática real da democracia é a existência de um Poder Legislativo forte e independente. Sem isso, a democracia é deficiente, capenga.

No pais, apesar de as leis falarem claramente em poderes independentes e harmônicos entre si’, ainda falta muito para que isso vire realidade.

É de se lamentar que as contradições comecem em nível nacional e estadual, quando temos parlamentares, em sua maioria subservientes e fiéis aos interesses próprios e aos interesses políticos e econômicos do Executivo

Nas Câmaras Municipais, em especial, é que é vergonhoso.

Prefeitos detêm a maioria dos vereadores, os quais se mantêm comum “empreguinho para a esposa, um beneficio aqui, outro ali..

E assim, o edil fica, cada vez mais distante do verdadeiro papel do vereador, passando a ser apenas mais um encabrestado do prefeito, boneco de marionete, do mesmo jeito que ele faz com os eleitores. Cabe, ao eleitor esclarecido, exercer bem o seu direito de escolha, quando chamado às urnas para indicar sua representação.

É muito comum se ouvir: “vereador não serve para nada”.

Ele não serve, talvez porque o eleitor vendeu seu voto em troca de algum favorzinho, logo ele não se sente mais obrigado a representá-lo.

Cabe, ao vereador, expor os problemas da comunidade e buscar providências junto aos órgãos competentes. Mas não é só isso. E aqui fica a pergunta:

—Será que o vereador que presta apoio político incondicional ao Prefeito em troca de “beneficios” pessoais, exercerá livremente a função de fiscalizá-lo?

Não! E é isso que acontece com a maioria dos vereadores da cidade. Isso precisa ser mudado

Vereador deve ser independente, polêmico, atuante e deve sempre ter a coragem de concordar com o que considerar certo e discordar do que considerar que esteja errado. Certo é o que for decidido licitamente em beneficio do povo. Errado é o que for decidido contra o povo, mesmo sendo lícito.

Ele deve agir com conhecimento e desarmado de ódios ou rancores. É isso que a população deve observar e cobrar de seus representantes. A população precisa frequentar as reuniões do Legislativo Municipal, para saber como estão se comportando os seus representantes.

Também é válido lembrar que pela estrutura social exis-

tente, ao vereador é sempre cobrada a função de assistente social

Isso vem de longe. São os costumes “coronelísticos” que persistem, como herança da República Velha.

Infelizmente, devido à realidade de pobreza da maioria dos eleitores dos nossos municípios, ainda se pensa assim, o que torna desfigurada a ação política.

Essa mentalidade compromete tanto o eleitor, vítima maior, por falta de educação política, quanto o vereador que, não dispondo de condições materiais para solucionar os problemas do seu eleitorado, obriga-se ao cabresto do Prefeito.

Tanto no caso do eleitor como do vereador, no entanto, predomina-se a escassez de educação e de formação política. Precisa-se de vereadores atuantes, dispostos a romperem com os costumes persistentes de subserviência e vício.

“O vereador deve agir sem apego a benefícios pecuniários”.

Ele deve usar, com disposição, a prerrogativa de denunciar possíveis fraudes, envolvendo dinheiro público, sobretudo pela tendência descentralizadora existente, visto que recursos da educação estãovindo para as mãos do prefeito, como é o caso dos recursos do nosso Ensino Fundamental.

“O vereador consciente contribui efetivamente para o desenvolvimento humano do seu município, ajudando o povo a pensar e a se organizar?”. Daniel Cuba.

O vereador que deixa seu posto no legislativo para ocupar cargo de secretaria, por exemplo, além de trair o seu eleitor, ele passa a corroborar com as práticas e manobras políticas de prefeitos escusos.

Será que um secretário nomeado para alguma secretaria municipal seria aceito na Câmara Municipal para substituir um vereador?

— Claro que não!

Então, vereador é vereador e secretário é secretário. Cada macaco em seu galho.

— Por que os vampiros são contra o candidato que defende a fidelidade do vereador para cumprir seu mandato na Câmara Municipal, representando o povo até o fim?

— Porque cumprindo o seu mandato até o fim, só no legislativo, ele perde mais uma oportunidade de usar uma secretaria como cabide de emprego para os seus cabos eleitorais da campanha. Além disso, perde a chance de fazer, da secretaria, um comitê oficial para encabrestar eleitores com favores direcionados. E tem mais: ele livra-se da tribuna e, consequentemente, da função árdua de fiscalizador das ações do prefeito, que deve ser sua função maior como vereador e representante do eleitor.

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